Domingo, 05.05.13

Manteiga de amendoim caseira

 

 

A Primavera está finalmente aí e eu, este ano, decidi que queria sol e calor. Esqueci-me do sofrimento, dei uma de romântica menininha que queria vestir os longos vestidos coloridos, besuntar o corpo de protector solar e sair por aí de óculos de sol na tromba. Desde sempre ouvi dizer que temos que ter cuidado com aquilo que desejamos. Oh se eu me tivesse lembrado disso antes! Com certeza teria permanecido no lânguido Inverno do meu descontentamento e que bem eu estaria.

A Primavera trouxe-me uma alergia repentina a esse pólen leve e arredio que veio para ficar. Espirro de manhã à noite, tenho comichão até ao cerebelo e há sempre uma narina que insiste em entupir. Depois dos 30 é sempre a descer, confiem nisso. Para além disso, há aquele manhoso bichinho que aparece como se nada fosse, sem ninguém o chamar. Amaldiçoados gafanhotos que saltitam de pedrinha em pedrinha. A semana passada tive um encontro de terceiro grau com a mais alta patente dos gafanhotos, era tão grande que devia ser o avô de uma cambada deles, e esbarrou-se nas minhas pernas. Vindo de trás, espatifou-se contra mim e ficou, visivelmente, transtornado. Como é óbvio, depois do meu cérebro se ter apercebido que objecto voador era aquele, dei a correr até casa com um friozinho no estômago e uma vontade louca de gritar.

Resumindo: estou traumatizada, chateada, constipada e enfiada em casa porque o calor lá fora é o maior inimigo dos meus desejos. O projecto de uma Primavera anunciada, saiu furado. Fazem-se receitas caseiras, que é para não correr o risco de ir ao supermercado e encontrar uma praga de gafanhotos pelo caminho :) 

 

Ingredientes (adaptado daqui):

 

1 1/2 chávena de amendoins

1 1/2 colher (sopa) óleo

1 colher (chá) de extracto de baunilha

1/4 chávena de mel

 

Preparação:

 

Asse os amendoins no forno por alguns minutos, deixe arrefecer e processo-os na liquidificadora cerca de 5-7 minutos até obter uma pasta grossa. Junte o óleo e a baunilha e pulse até a mistura ficar mais cremosa. Se achar necessário, vá juntando um pouco de óleo de cada vez. Adicione o mel e processe por mais alguns minutos.

Guarde à temperatura ambiente durante uma semana ou refrigere no frigorífico se mantiver a manteiga de amendoim por mais tempo.


Rendimento: 1 1/2 chávena.

 

Bom Domingo!

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Segunda-feira, 16.07.12

Onde há churrasco, há fogo!

Bem vindo à minha caverna. Desculpa não ter avisado que agora há uma coisa chamada campaínha. Esquece o vidro da porta, mandamos colocar outro já amanhã. Essa maçaroca faz grandes estragos, hein? Podes deixá-la atrás da porta enquanto jantamos.

Sim, as barriguinhas estão a grelhar numa geringonça electrica, modernidades! Não te preocupes que o fogo continua a revolucionar as nossas vidas. As batatinhas a murro estão no forno a lenha. A única diferença é que agora escusamos de esfregar pauzinhos e bufar às palhinhas :) Temos coisas que se chamam fósforos e acendalhas, facilitam bastante. Por falar em facilitar, importas-te de dar umas murraças ligeiras às batatas? És capaz de ter mais força que eu, e eu ía retirando a pele aos pimentos, pode ser? Mas cuidado, força moderada senão ainda acabamos a comer puré, ok?

Ahh, esse é o meu animal de estimação. Podes pousá-lo e tirar o cavalinho da chuva, esse não é para comer. Não te preocupes que não vai faltar comida e bem saborosa. Agora usamos um ingrediente muito precioso, o sal. Dá um sabor fantástico a tudo, vais ver!

A mesa já está posta, usamos garfo e faca pra comer mas, como é uma espécie de churrasco e não quero que te sintas como um peixe fora de água, podes usar as mãos :) Continuo a achar que alguma comida continua a saber melhor se metermos o dedo no assunto. Se calhar posso é dar-te um elástico pró cabelo, podes fazer um rabo de cavalo, assim vejo-te melhor os olhinhos e não corres o risco de encontrar um cabelo na comida :) Quanto à barba não posso fazer grande coisa, tenho medo de te enfiar uma lámina na mão e ter que acabar por chamar o INEM. É melhor mantermos toda a tua essência, já basta a mudança de milénios. Tanta coisa nova pra ver e explorar, não é? Olha, vou ligar um bocadinho o rádio para descontraíres um pouco. Ainda é muito cedo para te explicar acerca da caixa mágica que mudou o mundo. Há coisas que ainda não deves ser capaz de assimilar. Fica para uma próxima. 

Por agora vamos sentar e provar esta bela carne de porco. Os pimentos são um pouco indigestos à noite mas deves estar habituado a comer coisinhas piores, não vai ser desta que te vai parar a digestão, certo? Além disso, temos uma água porreira com bolhinhas dentro - não me perguntes como colocaram lá as bolhinhas, há coisas que também me ultrapassam - que é um mimo para arrotar depois de uma farta refeição.

Está bom? Parece que sim, pela maneira como engoles quase sem mastigar :) Ainda bem, fico mais contente. Pronto, se não achares piada ao verde da alface, deixa ficar. Mas prova lá o chouriço crioulo que é uma maravilha!

Fiz uma sobremesa simples, com fruta da época e aposto que conheces alguns destes bagos. Não te quis apresentar ao chocolate agora, nem ao açúcar porque temi que ficasses tão excitado que me desses uma paulada na cabeça e me levasses pelos cabelos até à tua caverna. As paixões fulminantes assustam-me um bocadinho e, escrava por escrava, prefiro ser escrava nesta época em que, pelo menos, vamos tendo algumas condições :)

Está tarde, não é? Pois, sei que ainda tens que andar um bocadinho. Compreendo que ainda não queiras andar de táxi, o trânsito é assustador e acho que o homem que inventou a roda é que ia apreciar a viagem. Devolvo-te a maçaroca e entrego-te esta tocha. O mundo lá fora continua a mesma selva de sempre, nunca é demais estarmos preparados para o que der e vier. Até te dizia para me dares um toque pró telemóvel quando chegasses à tua gruta mas sei que ainda não chegaste a esse nível. Deixa lá, acende uma fogueira e envia-me uns sinais de fumo, pode ser?

Espero que tenhas gostado e desculpa se falo pelos cotovelos, mas tu também não sabes fazer outra coisa senão grunhir! Vai sossegadito e não pares pra rugir com ninguém, olha que nos tempos que correm não merecem a nossa confiança! 

Força nisso e até ao próximo degelo ;)

 

Salada de fruta colorida:

ameixas vermelhas

framboesas

pêssegos

uvas

morangos

sumo de 1 laranja

1 colher (sopa) de açúcar

 

É só misturar tudo e servir.

 

Notas:

Receita baseada na salada de fruta colorida da Tessa Kiros.

A mente brilhante que convidei para jantar é um anónimo cuja ideia brilhou mesmo, inventou o fogo. 

 

Boa semana a todos! 

 

 

 

 

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Segunda-feira, 06.06.11

Andorinhas à solta na Invicta


Combinaram as seis andorinhas,
Na Invicta se encontrar.
Estávamos todas mortinhas
Para no Porto passear.

Desta parte quase ninguém sabe,
Mas eu cheguei mais cedinho.
Não tinha muita vontade,
Mas com a Zé comprei um casaquinho.

Na Calzedonia, a menina
Queixava-se do calor.
Eu disse que tinha peninha,
Mas a chuva ia cair sem pudor.

"Não me diga isso!", lá replicou,
"O calor veio pra ficar".
Mas mal a tarde começou,
O céu resolveu pingar.

Contudo, a chuva não nos demoveu
De um encontro na Invicta,
, Conceição, Moira e eu.
Depois a Mónica e a Filipa.

A Zé e eu fomos buscar a Conceição
Assim se formava o grupinho.
Lá saímos da estação,
E aceleramos o passinho.

Subimos a rua contentes
Com muita vontade de tagarelar.
Tanto calor, somos valentes!
Fomos à Batalha a Moira encontrar.

E agora escolher o que comer,
Que a viagem foi comprida.
Na esplanada, não queriam crer,
Estava uma figura reconhecida.

Não conheço o homem, não sei!
"Entra numa novela conhecida".
Eu bem que pra ele olhei,
Mas a rtp2 é a minha vida.

Pera lá, esse não me diz nada,
Mas o que está ao lado dele sentado
A ler o jornal na esplanada
Conheço eu de algum lado.

É da tv com toda a certeza!
Zapping também sei fazer.
Ó tu, jeitoso, ó beleza!
Não queres vir cá ter?

Vocês podem ser famosos,
Ter o público todo à espera.
Mas são muito mais manhosos
Que nós, gajas da blogosfera!

Saquei dos copos e da garrafa.
Quem alinha num Limoncello?
Vá lá, levantem a taça!
Não é xixi, apesar de ser amarelo.

Pedido o folhado de Chaves
Eis que chega a Filipa.
Conta lá tudo, o que fazes?
Deixamos a rapariga aflita.

Conversa puxou conversa
O Limoncello subia.
Faltava-nos a última peça,
A Mónica, que não aparecia.

De repente, chamada desconhecida.
Não atendo, que não sei quem é!
Era a Mónica perdida,
Liguei e perguntei: "Comé que é?"

Tocou-nos no coração,
Ouvir uma senhora dizer
Que a nossa boa disposição
Era uma alegria de se ver.

Depois de dar à treta,
Começamos o passeio.
Lá foi uma Ameixa Seca
Com gajas boas pelo meio.

Encontramos uma feirinha
Cheia de produtos artesanais.
Mesmo no meio de uma ruínha
Entre sapos, malas e tanta coisa mais.

Lá nos apressamos
Porque começou a pingar.
N'A Vida Portuguesa entramos
Para tudo coscuvilhar.

Não faltavam obras-primas
Do Bordallo à Regina
Farinha 33, muitas caixinhas
Pura arte, loja fina.

Prosseguimos em diante
Para visitar a Lello e Irmão.
Tanto livro, tanta estante!
Muita gente, grande confusão.

Quem o escadario descia
E olhava para os lados,
Um cemitério parecia
De livros repousados.

A rua tivemos de descer
Para subir ao Magestic.
Um café fomos absorver,
Rodeadas de gente chic.

Pastéis e ovos moles fresquinhos
Em cima da mesa a acompanhar.
De repente começam os sininhos
As 18 horas a anunciar.

Corre minha Moira encantada,
Pra esse momento não perder.
S. João e mais uma cambada
De caxecol, pelo FêCêPê vencer.

De volta ao café, a vontade não calava.
Hora da fotografia tirar
Um casal ao lado admirava
O grupo a espalhafatar.

Simpática, a senhora tirou
A nossa foto pra recordação.
Eis que o flash saltou
Surgiu risota até mais não.

Tivemos que nos despachar
A Mónica tinha que ir
Fomos a feira do livro atravessar
E a chuva, teimosa, a cair.

De écharpe, protegi-me bem
Para os longos cabelos proteger.
"Pareces uma muçulmana" disse alguém
E o malvado livro sem aparecer.

Um até breve à Filipa,
Se ela quiser novamente nos ver.
Porque dar-se com gente esquisita,
Não é pra todos, podem crer!

Seguimos com a Mónica pra S. Bento
O comboio já a esperava.
A porta não abre, que tormento!
É de carregar no botão, sua desorientada.

Em S. Bento permanecemos
E faltava a Bola de Berlim.
Vou perguntar ali ao homem, já vemos
Mas ele mentiu com os dentes todos, enfim!

Respondeu que já não tinha os dentes todos
Disse-lhe a Moira, com a inteligência dela
Que foi de comer todos os bolos
Mas ele replicou que preferia vitela.

A Zé também se despediu
Até um próximo encontro.
Ao ir embora sorriu
Apanhou o metro, marcou o ponto.

Subimos a rua outra vez
Em busca da bola perdida.
Ali não há, aqui talvez?
Mas não, Berlim andava fugida.

Levas um pastel, deixa lá
E um ovo mole docinho.
Mas olha aqui, anda cá!
Uma bola, neste cantinho.

Com estas e com outras
É hora de nos despachar.
Não fomos muitas, nem poucas,
Mas foi uma tarde espectacular.

Deixamos a Moira na paragem
E tratamos de embarcar.
Fizemos todas boa viagem,
Bela maneira do dia terminar!

Pela minha parte agradeço
Toda a vossa gentileza.
A verdade é que não me esqueço
Deste encontro, de certeza!

------

E a Lisboa alguém quer ir?
Não prometo assim rimar.
Mas não vos vou mentir,
Gostava de alguém lá encontrar.


Continuação de boa semana!

Fotos gentilmente cedidas pelo electrodoméstico da Moira :)
publicado por Ameixinha às 16:31 | link do post | comentar | ver comentários (46) | partilhar
Quarta-feira, 06.04.11

Bolo húmido de chocolate



Embora a primeira postagem deste blog tenha sido feita em Janeiro de 2008, ele andou meio perdido, a tentar encontrar um caminho, uma definição, a personalizar-se e, finalmente, assentou alicerces em Abril. A partir daí houve um renascer, o blog "saiu do armário" e estabeleceu-se como blog culinário, sem nunca deixar de lado o cunho da minha vida pessoal, deixando para trás as reticências. Mas não se preocupem que não vos vou lançar desafios para que homenageiem este espaço. Os comentários que vou recebendo são suficientes para que eu aqui permaneça e continue a tentar melhorar e dar o melhor que posso a quem o lê. Além do mais, quem quiser homenagear o blog, pode fazê-lo em qualquer altura e eu até apreciarei mais :)

Hoje sou eu quem tem um agradecimento a fazer, hoje sou eu que ofereço o bolo, hoje sou eu quem humildemente pede desculpa por qualquer coisinha, hoje cumprimento todos que me ajudaram com a batalha que tenho travado com o meu gato possuído. Ele entrou na minha vida e entrou pelo blog dentro, e com ele vieram as preocupações, as estórias possuídas, o choro compulsivo e a incerteza do futuro. Por causa dele, eu recebi mais do que estava à espera. Portanto, fica aqui - um ano depois dele ter feito a ressonância e, feliz ou infelizmente, não ter sido encontrado nada - o meu eterno agradecimento a todos quantos contribuíram para ajudar um gato possuído, que morrerá possuído porque pouco ou nada pode ser feito :) Não sei se ele é feliz mas nós aqui em casa somos felizes por tê-lo connosco, embora a preocupação seja permanente e os ataques continuem. 
Muito obrigada por tudo, a todos! 


Bolo húmido de chocolate
do blog Kitchen Simplicity

2 chávenas de farinha
1 colher (chá) de sal
1 colher (chá) de fermento em pó
2 colheres (chá) de bicarbonato
3/4 chávena de cacau
2 chávenas de açúcar
1 chávena de óleo
1 chávena de café
1 chávena de leite
2 ovos
1 colher (chá) de extracto de baunilha

Preparação:
Junte os ingredientes secos. Adicione o óleo, café e leite. Misture até estar bem combinado. Adicione os ovos e a baunilha e mexa até estar bem incorporado (cerca de 2 minutos).
Unte e enfarinhe 2 formas de 22 cm de diâmetro. Coloque a massa e leve os bolos ao forno por 25-30 minutos a 180º C ou até que um palito saia seco.
Deixe os bolos arrefecerem por 10 minutos e depois desenforme.


Recheio e cobertura
do blog I bake what i like

1 colher (chá) de gelatina em pó hidratada durante 10 minutos em 2 colheres (sopa) de natas frias
2 chávenas de natas
1 colher (sopa) de açúcar em pó
1/2 colher (chá) de extracto de baunilha

Preparação:
Quando a gelatina estiver hidratada, derreta-a em lume brando até estar bem dissolvida, sem deixar ferver. Reserve.
Coloque as natas numa bacia gelada e bata vigorosamente até começar a tomar forma. Adicione o extracto de baunilha, o açúcar em pó e continue a bater até formar picos suaves. Adicione a gelatina enquanto continua a bater as natas. Pare de bater quando ficarem bem firmes. Use imediatamente.

Notas:
Para este bolo usei duas formas de 18 cm de diâmetro. Dividi cada bolo ao meio e obtive um bolo de 4 andares. Recheei cada camada de bolo com as natas e na camada do meio, antes das natas, passei uma camada de compota de framboesa. Continuei até terminar e depois cobri com as natas restantes. Depois usei um saco de pasteleiro para confeitar, decorei com nozes pecãs e confeitos coloridos.
Diminuí a quantidade de óleo para 1/2 chávena e a de açúcar para chávena e meia. Já fiz este bolo com alfarroba e com cacau. Ninguém nota a diferença, nem eu. Este das fotos foi feito com farinha de alfarroba. As fotos é que não estão grande coisa, mas o bolo é perfeito.
A primeira vez que preparei o recheio, tive que derreter a gelatina novamente antes de a incorporar às natas batidas. A gelatina ao arrefecer solidifica e torna-se impossível envolver. Opto por deixá-la hidratar e derrete-a pouco antes de juntar às natas.
Normalmente faço o bolo à noite e também preparo o recheio. Deixo o recheio no frigorífico, ele vai ficar mais sólido e mais fácil de usar com o saco de confeiteiro.

Continuação de boa semana!
publicado por Ameixinha às 11:02 | link do post | comentar | ver comentários (71) | partilhar
Quarta-feira, 23.03.11

Vou contar-vos como foi


Esta história é da e para a minha mãe, já que nos anos 60 e 70 eu ainda não estava nos planos.

São 8 irmãos, 4 rapazes e 4 raparigas. Elas são todas Maria e eles quase todos Manéis, com um José pelo meio só para destoar. Havia um pai e uma mãe, um tio paterno, mais o pai do meu avô e uma tia da minha avó - casada com um irmão da minha avó, mas já viúva e mais conhecida por "velhota" - eram muitos, 13 sentados à mesa. Naquele tempo fazia-se broa de milho para 8 dias e usava-se como unidade de medida a arroba. Naquele tempo o pão durava e, mesmo duro, era bem aproveitado. A farinha usada era peneirada, só farinha de milho branca, com a água, o sal e o fermento de padeiro. Fui ouvindo estas histórias pela minha vida fora, a família é divertida, as tropelias da infância marcaram-lhes a memória e choramos a rir com isso. Dizem que já não há amigos como antigamente e pão também não. Nasci nos loucos 80, mas a broa de milho perpetuou-se no tempo, a minha avó paterna também a fazia e eu acompanhava todo o processo mas a memória é traiçoeira.
Depois de falar com a minha mãe, depois de ligar à minha tia, chegamos aos ingredientes, mas as quantidades é que foi pior. Resolvi tentar e testar. A receita poderia até nem dar certo - na primeira tentativa foi parar ao pato - mas a história, essa, não falha:

Os oito juntavam-se e, tal como é natural, brincavam às mães e aos filhos. Elas, com pouca diferença de idade umas das outras, reuniam-se, preparavam o almoço e colocavam os irmãos em sentido, em filinha e de bico aberto. É dever das mães sustentar os filhos, certo? Claro que sim, e elas tratavam bem deles. A broa era esfarelada e picavam uma cebola bem picadinha. Misturavam tudo e diziam aos "pintainhos" para abrir a boquinha :) Aquele que se atrevesse a cerrar os dentes, levava com uma delas a tapar-lhe o nariz e outra a enfiar-lhe pela goela abaixo essa deliciosa iguaria que resultava num hálito maravilhoso para o resto do dia ;) Há ainda um tio verdadeiramente traumatizado e que nem pode ouvir falar em broa com cebola!

As crianças são o espelho dos pais! A minha avó materna - conta a minha mãe - usava a broa de milho já bem dura, com 8 dias, partida em pedacinhos, salpicada com umas colheradas de açúcar e uns goles de vinho tinto caseiro e começava a chamar pelos filhos: "Venham cá que é hora do lanche!". Os 8 sentados à mesa, engoliam sem esforço, sem narizes tapados à força, as sopas de cavalo cansado :) Para rematar, entre muito riso e pouco juízo que este desafio me trouxe, diz-me a minha mãe assim: "Nenhum de nós nunca partiu um osso, entre broa com cebola e broa com vinho tinto, estamos rijos e prontos para o que der e vier".
Se fosse hoje, digo eu, estariam todos entregues à segurança social!

Broa de milho

500 g de farinha de milho branca
20 g de fermento de padeiro
300 ml de água
1 colher (chá) de sal

Amorna-se a água e nela se dissolve o fermento. Junta-se a farinha e o sal. Amassa-se bem e deixa-se levedar até que dobre de volume. Antigamente, deixava-se de um dia para o outro. Depois de levedada, passa-se para uma bacia com farinha e dá-se uma volta à massa para a enfarinhar. Coloca-se num tabuleiro enfarinhado e leva-se a forno bem quente até ficar com a côdea dura e bem dourada.
Podem fazer e levedar a massa na MFP.

Esta receita e esta pequena história são a resposta ao desafio "Conte-me a sua receita", proposto pela Laranjinha. Estende-se até dia 27 de Março e, se têm alguma receita com história destas décadas, ainda vão a tempo de participar :)
publicado por Ameixinha às 20:05 | link do post | comentar | ver comentários (49) | partilhar
Sexta-feira, 01.10.10

Domingo

Depois daquele Sábado... Domingo, foi a malta passear :)

Domingo estava combinada,
Reunião com mais pessoal.
Encontramo-nos para a almoçarada,
No meio do centro comercial.

Mas ninguém me telefonava.
E já passava da hora.
Vou ficar aqui plantada,
A que se deve a demora?

De repente liga a Cenourita
Pela Titó acompanhada.
Onde andas Ameixita?
Estamos aqui, logo à entrada.

Vamos lá ter com as outras,
E ver se conseguimos almoçar.
Ainda éramos umas poucas,
Não havia espaço para sentar.

A Rute, a SandraG e a Luna,
Mais a Cenourita e Titó.
Éramos seis em suma,
Com fome de dar dó!

Fomos todos para a Vitamina
Escolher o que comer.
Que raio de molho combina?
Que se lixe, vamos ver.

Lá nos conseguimos sentar
Depois de esperar pela mesa.
Rir, comer e falar,
Chegou a hora da sobremesa.

O José chegou depois
Com o filhote a seu lado.
Os únicos homens, os dois
O filhote ficou envergonhado.

Chega mais mulherada
Manas Marques e Carolina.
Gente que não mais acabava,
E ainda faltava uma garina.

A Isabelocas telefonou
Estávamos a tomar café.
Num instante ali chegou,
Fomos dar uma volta a pé.

Sentamo-nos na esplanada
A beber algo fresquinho.
Olhem que eu chego atrasada!
Vai ser um stressinho.

Conversa puxa conversa
Ali passamos um bom bocado.
Hora da foto, vá depressa!
Nenhum sorriso forçado.

Depois foi sempre a correr
Para chegar a tempo.
Ai que eu vou perder
O comboio, que tormento!

Tudo corria apressado
Atrás de uma Ameixinha.
O comboio ainda não tinha chegado,
Que grande sorte a minha :)

Estava esbaforida
Queria despedir-me de toda a gente.
Chegou a hora da partida,
Rumo ao Norte, eu e o pente.

Queria muito agradecer
A todos pela companhia.
Foi um enorme prazer
Partilhar convosco este dia.

Já no comboio instalada
Recebo uma chamada fenomenal.
Cenourita perguntava onde eu estava
Pediu para ir ter ao Aki, na lateral.

Depois ela percebeu
Que falava com a pessoa errada
Está tudo louco, pensei eu!
Desatamos à gargalhada.

O encontro termina assim
Mais um para recordar,
Mas ainda não é o fim
Há mais encontros a organizar :)


Bom fim de semana!
publicado por Ameixinha às 13:45 | link do post | comentar | ver comentários (27) | partilhar
Sábado, 11.09.10

Esta gente inspira-me!

Aconteceu assim, não necessariamente por esta ordem:

Fui buscar o meu bilhete
Para ir ter a Lisboa.
No Porto puxam-me o tapete
Fiquei completamente à toa.

Mas eu não vou fraquejar
Apesar do caos instalado.
Vou à Pipoka telefonar,
Porque o comboio está parado.

Nem queria acreditar
As linhas estavam cortadas!
Quem mandou descarrilar
as carruagens carregadas?

Devolver o dinheiro?
Isso não, caro senhor!
Ficou vazio o mealheiro
Ai que me está a dar uma dor!

Troquei viagem para amanhã
Terei que me levantar de madrugada.
O que tem que ser, será!
Fui para casa meia amuada.

Meio a dormir, meio acordada
No Sábado ganhei coragem!
À lancheira agarrada
Entrei e segui viagem.

Chegada a Oriente
Já meio desorientada.
Vou buscar o meu pente,
Qué da Helena, tá atrasada?

Lá parei no passeio
Esperei que me fossem buscar.
Ali sozinha no meio
Vejo um gajo a acenar.

Dentro de um carrão
Bem disposto e sorridente,
O homem acenava com a mão
Mas eu só queria o pente!

De certeza que não era pra mim,
Seria para uma gaja mais boa.
Disfarcei, olhei pró lado, enfim!
A Helena topou que eu fiquei à toa.

Afinal, era o marido
Dentro do carro estacionado.
Deixei de lado o ar sofrido
Seguimos, sem GPS ligado.

O pic-pic era em Monsanto
No meio da natureza,
Arranjamo-nos num canto
Pra curtir toda a beleza.

Aceitei ir até Monsanto
Se houvesse um W.C.
Não faço xixi em qualquer canto,
Sou chic, querem que faça o quê?

Começaram a chegar
As miúdas do Algarve.
Toca a tralha a carregar,
Vamos lá que se faz tarde!

Alguém teve a brilhante ideia
De trazer do Ikea um carrinho
Carregou-se a geleira,
Fez cá um jeitinho!

Depois o confronto esperado
Pipoka versus Ameixinha.
Eu de cabelo despenteado
E ela tão penteadinha!

Redimida de tamanha maldade,
Sacou de um presente pra mim.
Abri o saco com ansiedade
Era lindo! À guerra pusemos fim!

Mas não me devolveu o pente,
Enfiou-o outra vez na mala.
Que se lixe, vamos dar ao dente
Mais tarde, a gente já fala!

Reunidas as gajas boas
E respectivos porta-chaves,
Fez-se um convívio de pessoas
Que já tinham saudades.

Da Helena e Pipoka já falei
A Margarida e Ana também estavam
A Moira lá encontrei
Mas Laranjinha e respectivo não chegavam.

Estavam perdidos, afinal
Foram ter a outro lugar.
Não há crise, não tem mal
Vamos mas é morfar!

A Suzana também estava a chegar,
Era a única que eu não conhecia.
Sacaram das minis para desopilar
Quem não bebia, comia!

A Carlota sempre atrasada,
Conseguiu chegar a tempo.
Vinha bem carregada
Com comida para um regimento

Faltou-nos a Gasparzinha
Que não conseguiu comparecer.
Mas 'tás cá dentro menina
O próximo encontro não vais perder.

Os petiscos não paravam de sair
Era comida até dar com um pau.
Isto é que foi curtir,
O pic-nic não estava nada mau!

Eis que aparece no horizonte,
Um maravilhoso bichinho.
Não, não era um bisonte
Mas um pequeno esquilinho.

Veio ver de perto
Aquele aroma que sentia.
Tanta comida não é correcto
E o esquilo comer não podia!

Depois de provar todas as maravilhas
Hora de levantar arraial.
Já tinham começado as cantigas
Do Tony, Quim e outros que tal.

Deixamos tudo limpinho
Como manda a boa educação.
Pipoka, passa pra cá o pentinho
Que eu dou-te um em 1ª mão!

O dia passou tão depressa
Mesmo eu estando apagada.
Mas Ameixa, vá lá confessa!
Valeu a pena levantar de madrugada.

Beijinhos, despedidas e sorrisos
Boas férias e até já
Vamos arranjar mais motivos
Para em breve voltar lá.

Lá fui eu com a Tangerina
As setas azuis seguimos.
Contornamos a esquina
Chegamos a casa, conseguimos!

À espera, já ansiosos
Tom e Muffin, os gatinhos
Lindos bichos, meus manhosos
Hoje não dormem sozinhos.

Combinamos mais tarde
Em Lisboa um cafézinho.
Estava um caos na cidade
Pra estacionar foi um corridinho.

Mas que grande ventania
Na esplanada não se está bem
O pessoal já tremia
Vamos ao Solar que está além.

O empregado ditador
Não deixou desarrumar os cadeirões
O ambiente era acolhedor
Escolheram vinho, contaram tostões.

Os cálices eram grandinhos
Será que era o preço que dizia?
Agora bebam lá os copinhos
Pra terminar bem este dia.

Deu-se uma certa constipação
A uma Tangerina Aderente
Eu estava de lenços à mão
Tratei da alma gémea doente.

Chegadas a casa finalmente!
Hora de abrir a cama pra dormir.
Estou tão feliz, já tenho pente,
Até adormeci a sorrir.

O dia seguinte prometia
Novo encontro com outras meninas
Mas isso fica pra outro dia
Vou descansar os neurónios e as vistinhas.


Alguns dos petiscos que provamos encontram-se nos seguintes links:

Bom fim de semana a todos :)
publicado por Ameixinha às 12:00 | link do post | comentar | ver comentários (45) | partilhar
Terça-feira, 29.06.10

Um fenómeno é o que é!

É certo e sabido que tudo que eu semeio nesta casa insiste em não germinar nem crescer, mas tudo que não é semeado lá dá o ar da sua graça! A única coisinha que vai fazendo as minhas delícias são os girassóis que todos os anos me brindam com as suas gigantescas flores. Haja algo que se dê por aqui!
De resto, há tomates, morangos, malaguetas e flor-de-lis que não sabemos bem de onde vieram. Quer dizer, saber até sabemos... devem ter sido os passarinhos que aliviaram a tripa ao passar por aqui :) Haverá algum que coma moedas? Uma árvore das patacas ia dar tanto jeito he he


Morangos, poucos mas bons!

Flor-de-lis. Eu achei que era da minha mãe e a minha mãe achava que era minha. Afinal é de todos porque ninguém a semeou :)

Girassol carregadinho de girassóis.

Depois há o reverso da medalha, aquilo que se dá muito bem, que está verdinho e fresco de repente fica assim. Tanta cidreira e hortelã que eu queria secar para fazer chá e que ficou neste lindo estado. Estou sem saber o que raio é, só sei que está tudo estragado e nem me atrevo a usar para cozinhar, muito menos para fazer chá. Há quem diga que foi do frio e do excesso de calor. Eu cá acho que algum bicho!


Já cortei metade da hortelã e da cidreira para deitar fora, mas gostava de saber o que é isto e se há alguma maneira de combater.


Nem o alecrim escapou mas acho que o mal desse é piolho, ou pulga ou o que seja. Há bichos que não sei distinguir. Se alguém souber de algum remédio caseiro para isto, eu agradeço :) Químicos não uso.

E por falar em Natureza, na beleza e também nos estragos, peço que se dirijam ao blog da Patty, Aqui na Cozinha, e leiam com atenção o que tem acontecido no Brasil (infelizmente também noutros países por esse mundo fora), mais precisamente em Pernambuco, e vejam se podem ajudar de alguma maneira. Nunca sabemos quando vamos ser nós as vítimas desta natureza que martirizamos todos os dias e que nos tem mostrado o quanto se sente ferida com isso.

Continuação de boa semana!
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Quarta-feira, 23.06.10

Casamento da década


Casaram no mesmo dia que a princesa da Suécia e foi mesmo um casamento de princesa, um dia especial para o casal de noivos!
Não esperava que a paisagem fosse tão bonita até Viseu. A zona Luso-Buçaco deixou-me sem palavras mas, como ia sozinha, também não podia falar para ninguém he he
Um grupo de amigos bebia cerveja na parte de trás da carruagem, falavam alto, super divertidos, carregavam garrafões de cinco litros cheios de sangria, sacos de carvão e mais uns quantos produtos, sem esquecer a bola de futebol. Estavam prontos para fazer um piquenique na zona de Mortágua. A manhã não estava muito acolhedora, o céu cinzento preocupava alguns deles que esperavam ansiosamente por um dia de sol. Um deles, pareceu-me ser o único que conhecia o local para onde iam, dizia que ia abrir ao que os outros respondiam "Sim, a porta vai abrir porque o sol nem se vê" :) E não é que o sol abriu exactamente em Mortágua?!
A minha chegada a Nelas foi super acolhedora, a Maria telefonou a dizer que estava um bocadinho atrasada mas à minha espera estavam quatro lindos amigos. Não são fantásticos?
A Maria chegou e lá fomos até casa para trocar de sapatos, de collants e seguimos para a Igreja. Viseu é das cidades mais limpas que conheci, os jardins e as rotundas são muito bem cuidados e não vi ponta de lixo no chão. Ainda andamos um bocadinho a pé até à Igreja e descobrimos que nenhuma das duas sabe andar de tacão alto. A modos que parece que eu ando a calcar sapos :) Um cromo no meio da rua - também há cromos em Viseu - perguntou qual de nós as duas era a noiva. Estávamos nervosas, era a nossa amiga que ia casar, não conhecíamos ninguém, caímos ali meio de pára-quedas. A igreja estava cheia de gente e, lá dentro, um casal de noivos. Chegamos demasiado cedo e ainda fizemos figura de ursas a dizer que "aquele miúdo de certeza que é o irmão do noivo, olha lá como é parecido!", "realmente a cor dos olhos é igualzinha!". Enfim, juntaram-se duas míopes à porta da igreja e só depois nos apercebemos que aquele era outro casamento :)
Meia hora de atraso e a noiva finalmente chega. Fiquei na última fila de bancos da igreja, o mais longe possível de Cristo pendurado na cruz, qualquer coisa que acontecesse eu podia ser a primeira a sair e, estrategicamente, fui a primeira a cumprimentar a noiva e a dizer-lhe o quanto ela estava linda mal ela entrou!

A cerimónia foi diferente do habitual, os noivos trocaram votos, os irmãos do noivo fizeram declarações de amizade eterna, a noiva agradeceu aos familiares e amigos. Ambos estavam felizes, finalmente casados e, em sinal de admiração e satisfação, a noiva dizia: "Sou uma mulher casada!" :)
Rumamos à boda depois do casal calcar as capas pretas - a minha não estava lá que eu não usei daquilo - e apanharem com o arroz na tromba.

Chegamos à Quinta - não graças ao GPS da Mary que se perdeu pelo caminho e nem dizia chiu nem miu - um lugar muito bonito e agradável. Havia cisnes e patos junto aos jardins, tirei algumas fotos como é óbvio.
As entradas foram servidas ao ar livre acompanhadas de violino. Estava um bocadinho de vento e, as moçoilas mais desprevenidas viram os seus vestidos esvoaçarem, deixando mostrar a cuequinha fio dental e um pouco de embaraço he he Enquanto isso os noivos tiravam fotos e, mais tarde, a noiva chegou ao pé de nós queixando-se que o fotógrafo a tinha feito subir a uma árvore e ela tinha caído. Levantou o vestido para provar como tinha sido verdade, e lá estava a meia toda rota e o joelho vermelho. Imediatamente lhe disse que aquilo era prova que ela tinha queda para o casamento :)
À hora do jantar foram servidos pratos fantásticos, das melhores refeições que já comi. Muito, muito bom! Só não apreciei a bola de gelado azul - ninguém conseguiu decifrar o sabor - que vinha no topo do bolo dos noivos, mas comi tudinho.

Guache de legumes
Bacalhau em crôute de broa com puré de castanhas e grelos salteados com pinhões
Sorbet de limão
Lombo recheado com ameixas com arroz de cogumelos da Ínsua e molhinho de legumes
Bolo dos noivos
Tal como o noivo explicou, o bolo foi decorado com todas as flores que ele ofereceu à noiva ao longo de 7 anos de namoro. Ela fez questão de as secar, guardar e decorar o bolo com elas. Na brincadeira disse que não queria daquele lado do bolo :) Depois houve mesa de doces, queijos, chás e fruta. Eu fui para a fruta e para o queijo.
Para quem ficou curioso se eu apanhei o buquê de flores da noiva, ele passou-me ao lado. Muito em parte porque a noiva decidiu lançá-lo quando eu tinha visto os camarões e as conquilhas quentinhas à minha espera e peguei logo num pratinho. Ela veio ter comigo e eu desatei a correr com o prato de camarão na mão. Ela lá me convenceu e eu lá fui com a Maria para o meio da gajada solteira. Eis que de repente, não mais que de repente, sai-me o músculo do pé esquerdo. Ora, o ramo foi lançado e eu estava amarrada ao meu rico pé a ver se a coisa ia ao sítio. Só eu!
Abriu-se a pista de dança, passo para cá, passo para lá, hora de ir embora mas a noiva não nos largou e a Mary decidiu que não saía dali sem assinar o livro dos noivos. Uma hora depois chega o livro até nós, não sem antes termos ido dançar com a noiva e ela ter começado a chorar. Se ela chora, eu também choro e montou-se ali um berreiro descomunal :) Ainda de lágrimas nos olhos, a Mary decidiu que eu é que tinha de escrever no livro porque tinha uma letra bonita. Se eu não soubesse que ela não tocou em álcool, estava capaz de jurar que ela estava bêbeda he he
Finalmente, às 5 da matina conseguimos arredar pé da Quinta, desejamos felicidades aos noivos, marcamos encontro para daqui a uns meses e no Domingo rumei ao Norte.

Aproveito para dizer que em Julho vou passar um fim de semana a Lisboa. Gostava de me reencontrar com algumas pessoas, conhecer novas, especialmente as que me ajudaram com o Matias. Caso alguém esteja interessado, por favor contacte-me por e-mail. Continuação de boa semana!
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publicado por Ameixinha às 15:13 | link do post | comentar | ver comentários (54) | partilhar
Domingo, 09.05.10

O que era bom, acabou-se :)

Para terminar, duas semanas após a viagem ao Sul, deixo o relato do último dia. Agradeço mais uma vez à ASA - Associação Sotavento Algarvio - apesar de dizerem que por lá Só Tá Vento e ter chovido sempre ao fim da tarde, mas isso são pormenores que eu perdoo :)

Um muito obrigada ao Sr. Detlev von Rosen, proprietário dos Viveiros Monterosa, que tão carinhosamente nos recebeu e respondeu a todas as curiosidades acerca do olival e dos azeites, à Vereadora Marlene Guerreiro e à Cláudia que nos receberam no restaurante Fonte da Pedra em S. Brás de Alportel, e aos proprietários do restaurante que aconchegaram de forma deliciosa os nossos estômagos antes da longa viagem de regresso a casa.

Minhas queridas companheiras, colegas e amigas, só vos tenho a agradecer os momentos de descontracção, animação e satisfação que vivemos durante estes dias. Espero sinceramente, que outras oportunidades surjam em breve para matar as saudades e para dar dois dedos de conversa.
A todos os leitores do blog que, pacientemente, têm cá vindo à espera de encontrar receitas, só vos posso dizer que, se um dia tiverem oportunidade, visitem o Sotavento Algarvio!


Domingo, o último dia,
É o fim desta viagem.
Só de pensar dá-me azia
Façam as malas, coragem!

Check-out da quinta.
Deixar a serra para trás .
Mais umas fotos com pinta,
E eu sem pentear as cãs :)

Olhem a bela surpresa
Os lindos cestos de encantar!
O Algarve é uma riqueza,
Já não vamos de mãos a abanar :)


A última paragem
Foi nos Viveiros Monterosa.
Que bom, respirem a aragem
Da plantação fabulosa.


Dirigidas pelo Sr. Detlev
Que nos explicou o funcionamento.
Nada ali nos impede,
De entrar pelo Olival dentro.


Estava calor, é certo!
O sol estava a escaldar.
De repente, ali tão perto
Surge um besouro a esvoaçar.

Pousou com delicadeza.
Não era gafanhoto, que bom!
Se fosse, eu fugia de certeza
Mas não era de bom tom.


Calcorreando o olival
Vendo de perto as Oliveiras.
A apanha é artesanal,
O azeite ultrapassa fronteiras.

Também fizemos degustação
Do produto ali fabricado.
De copinho de plástico na mão
Provamos azeite delicado.



Era virgem com uma bela embalagem
E também estava à venda.
Puxam da nota com coragem
Para oferecer como prenda.

Já estava a Ana a avisar
À chefe Margarida,
Que o tempo estava a passar
E tínhamos à espera a comida.

Despedimo-nos da plantação
Saímos pra São Brás de Alportel.
Tivemos que pedir informação
Acerca do lugar do farnel.


Tivemos borrego e bacalhau
De entrada um camarão delicioso.
Comemos até dar cum pau!
Creme de manga, tarde de maçã e tiramisú famoso.


Fonte da Pedra, assim se chamava
O restaurante que nos deu bom comer.
Depois disso íamos prá estrada
Despedi-mo-nos quase a correr.



Apanhamos um domingueiro,
Tivemos que os quatro piscas ligar
Apetecia dar-lhe com um tranqueiro
Para o carro dele arrumar.

Ai que falta pouquinho!
Margarida tu acelera,
Vai-me dar o bagaiozinho
Olhem que o Alfa não espera.

Um minuto era o que faltava
Voamos da carrinha com as tralhas.
O homem no alfa gritava
Depressa metam cá as malas!

Ai que desgraça, que aflição!
Por pouco ficávamos em terra,
Ia morrendo do coração
Adeus Algarve, ria e serra.

Mais 6 horas de viagem,
A caminho do meu lar.
Vá Ameixa, tem coragem
Isto é tudo pra recordar.

Caríssimas companheiras,
Que prazer foi conviver.
Já somos quase confreiras
Vivem cá dentro, estão a ver?


Este blog seguirá com a sua programação habitual. Apesar da máquina ter dado o berro, ainda tenho algumas receitas para publicar. Depois disso... logo se vê :)
Bom Domingo e bom início de semana!
publicado por Ameixinha às 15:30 | link do post | comentar | ver comentários (45) | partilhar

mais sobre mim

a possuída moída

Sobrevivo numa selva de hipocrisia, burocracia e cegueira de quem não quer ver. Prefiro não me lembrar da crise de valores que vivemos, mesmo sendo quase impossível esquecer-me disso. Cozinho e como com prazer, mesmo que alguma culpa surja depois. Gosto de andar a pé sozinha, viajar de comboio com um livro na carteira, dizer "Bom dia" com convicção e a sorrir. Ajudar quem precisa é o que me permito fazer sem pensar duas vezes, embora haja muita gente mal-agradecida. Sou adepta da boa disposição, da humanidade e respeito nos serviços de saúde e educação, acredito na capacidade de generosidade e bondade das pessoas que me rodeiam. Entristece-me que, nem sempre, essas capacidades sejam canalizadas quando deveriam. Não gosto das vizinhas coscuvilheiras e de pessoas mal educadas, prepotentes e ocas. Os meus olhos transmitem tudo o resto de mim e são cor da canela. Amo a Fauna e a Flora. Adoro o Outono e as folhas que caem. Não vejo qualquer utilidade em peluches. E a única coisa que é afrodisíaca é o amor.

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