Quarta-feira, 15.10.08

Escondidinho de frango


Ora cá estou eu mais uma vez a apresentar uma receita de intercâmbio cujo ingrediente adorado aparece com distinção :)
A minha parceira nesta nova empreitada é a outra menina que partilha a gestão do intercâmbio comigo e com a Nana... é a Axly!!!
Como a Axly sabe que eu desenvolvi uma paixão assolapada pela mandioca, ela enviou-me algumas receitas com esse ingrediente e eu escolhi o escondidinho de frango e não estou nada arrependida.
Mais uma vez passei um martírio para cortar e descascar a mandioca e descobri que um dos paus não estava em boas condições (às vezes acontece os paus não saírem como nós esperamos, né? eh eh), mas atrás de um pau vem logo outro (está a piorar, não está?) e consegui um escondidinho maravilhoso.
Vejam só a travessa a sair do forno... fantástico!!!



A receita canta assim:

1/2 kg de peito de frango

2 tabletes de caldo de galinha (não usei)

1 colher (sopa) de coentro ou salsa (usei salsa fresca)

1 kg de mandioca (macaxeira) cozida com água e sal

1 e 1/2 cebola ralada

1 lata de creme de leite (usei 200ml de natas light)

1 copo de requeijão

1/2 copo de leite (usei menos)

2 colheres (sopa) de queijo parmesão ralado (usei fatias de queijo limiano)

Polpa de tomate, cebola e alho q.b. (acrescentei eu)

Modo de Fazer:

Cozinhe o peito de frango com 1 xícara/chávena de água a ferver com as tabletes de caldo de galinha, se necessário coloque mais água fervente.

Desfie o peito e misture o caldo que sobrou do cozimento, a cebola e a salsa. Reserve (Aqui alterei a receita e levei o peito desfiado para refogar junto com a polpa de tomate, cebola e alho cortado pequenino e deixei apurar. Desliguei e reservei).

Passe a mandioca pelo espremedor ainda quente e coloque o creme de leite, misture bem até obter um puré. Despeje esse puré num recipiente refratário (20x30cm) untado com margarina e espalhe o recheio de frango e cubra com o resto da mandioca. Cubra com requeijão misturado com o leite, polvilhe com o queijo parmesão e leve ao forno para gratinar (usei queijo limiano em fatias e polvilhei com oregãos). Sirva a seguir. Pode substituir a mandioca por batata, use a variedade que fique mais sequinha (nada se compara ao sabor da mandioca, aconselho a experimentar).


Considerações finais:

A minha mãe disse que só depois de ter experimentado estes pratos é que começou a entender porque é que os povos indígenas do Brasil e do Continente Africano comem tanta mandioca. Eu e ela já sobrevivíamos só a comer disto, descascar e cortar é que é mais complicado eh eh

Mais um intercâmbio que enriqueceu a nossa mesa...

Quem ainda não participou, começe a considerar participar. Visitem o Intercâmbio Culinário, espreitem as receitas e as experiências que lá estão descritas e façam a inscrição :) Precisamos de sócias portuguesas. Atrevam-se ;)

publicado por Ameixinha às 10:00 | link do post | comentar | ver comentários (66) | partilhar
Domingo, 29.06.08

Intercâmbio Culinário: História de Cozinha Vaca Atolada


Depois de aceitar o grande desafio de cozinhar um prato brasileiro, chegou a vez de preparar a receita que escolhi: vaca atolada.
A primeira curiosidade que tive foi saber porque é que a receita se chamava de vaca atolada? De tanto procurar encontrei uma que me satisfez a curiosidade. A história deixou-me bem disposta. Este é um prato típico da região de Minas Gerais. Na altura da chegada da Coroa Portuguesa ao Brasil, eram os tropeiros (condutores de tropas/comitivas) que carregavam as carnes (e outros bens) nas suas carroças. Quando eles iam da serra para a cidade de Minas Gerais, passavam por terrenos irregulares e íngremes. No período das chuvas os terrenos ficavam em lama e o gado que empurrava as carroças ficava encalhado e não prosseguia. Como transportavam carne de vaca e tinham que se alimentar quando encalhavam, fizeram um prato com mandioca e vaca ao qual chamaram de vaca atolada.


Bem... eu nunca tinha provado mandioca, nunca tinha comprado mandioca, não sabia a que cheirava mandioca. Mas tava com muita vontade e entusiasmo para saber ;) Fui ao supermercado e vi a mandioca lá na prateleira. Fiquei a olhar... como um burro para um palácio. Como é que eu saberia que aquela mandioca ali à venda estava boa para consumo? Depois de pensar e andar ali às voltas a fazer que escolhia bem a mandioca (eu armada em conhecedora do produto em causa eh eh) peguei em duas mandiocas e vim embora ;)


Quando cheguei a casa a minha mãe perguntou se "aquilo" é que era a mandioca. "Aquilo" não tem muito bom aspecto, não é uma visão super agradável nem nada disso. Mas disse à minha mãe que, se o meu pai não se portasse bem, ela podia usar o pau de mandioca para acertar nele eh eh ;)


Em seguida telefonei para o meu talho/açougue de confiança a perguntar se tinham costela de boi. Disseram que sim, mas que não costumam vender isso, porque é duro e ninguém quer. O homem deve ter pensado "tanta carne boa e esta quer levar os ossos com carne dura". Mas ele nunca tinha provado vaca atolada e eu também não. Restava-me descobrir o sabor.


Decidi fazer a vaca no Domingo. No sábado começei os preparativos e resolvi partir a mandioca. Aiiii, que tortura! Mandioca é muito duro. Fiquei com a minha mão toda vermelha de tanto esforço para parti-la. A Nana, depois disse que já compra ela partida e lavada (sorte hein?) é só cozinhar. Ela também me avisou que a mandioca tem uma espécie de fio no meio e que convém cozer antes e retirar esse fio. Também pouparia no tempo de cozedura com a carne. Fiz esta receita para mim e para a minha mãe. O almoço de Domingo foi só nosso :)



Fiz assim com estes ingredientes:


1 kg de costela de boi (cortada aos pedaços)


2 unidade(s) de cebola picada(s)


6 dente(s) de alho picado(s)


2 tablete(s) de caldo de carne


quanto baste de Óleo de soja (usei azeite)


800 gr de mandioca em pedaços grandes


quanto baste de cheiro-verde picado(s)


Tive que perguntar à Nana o que era cheiro verde. Eu não sabia! Afinal é salsa e cebolinho :)



Preparação:


Primeiro cozi a mandioca com uma pitada de sal durante 10 minutos na panela de pressão. Deixei arrefecer, retirei os fios e reservei.


Temperei a carne com alho e sal. Coloquei no fogão uma panela de pressão sem a tampa, o azeite e fui colocando aos poucos a carne para dourar. Fritei metade, reservei e depois fritei a outra metade. A carne deve ficar bem dourada, bem fritinha, mas não queimada. Isso é muito importante, que ela fique bem dourada por todos os lados. Depois disso, adicionei a cebola e o alho para dourar também, sempre mexendo. Coloque os dois cubos de caldo de carne (demasiado para nós que não estamos habituadas a usar caldos na comida, um cubinho é mais que suficiente). Pus água na panela de forma a cobrir a carne (não cobri a carne, pus menos água) e tapei a panela para cozinhar em pressão. Quando começou a chiar, deixei cozinhar por 20 minutos (40 minutos é demasiado tempo, eu não como carne de vaca dura e em 20 minutos esta ficou tenrinha). Cozida a carne, coloquei a mandioca em pedaços, para misturar dentro da panela. Dei uma mexida com a panela para misturar a vaca e a mandioca, retirei salpiquei a travessa com bastante cheiro verde picado.


Agora vou dizer-vos o que eu fui achando ao longo da preparação da vaca atolada. Quando a mandioca começou a cozer, veio um cheiro ao meu nariz que me encantou. Quando a mandioca está crua ela não cheira muito bem. Mas quando coze cheirou-me a algo muito parecido com castanhas. É um cheiro muito bom... abriu logo o apetite.


Como eu e a minha mãe nunca tinhamos provado mandioca, tratamos de experimentar logo que a retiramos cozida da panela. Só há uma palavra: maravilhoso. Eu e a minha mãe de volta da mandioca a comer assim mesmo. Como eramos as duas ao almoço, ainda sobrou para o jantar. Até o meu pai comeu e gostou ;) Bom sinal... Aconselho todos a fazer e a provar. A carne de vaca fica óptima e a mandioca com o cheiro-verde dão um toque super especial. Na foto dá para ver que eu levo tudo à letra. Quando diz que é bastante cheiro verde, eu coloquei mesmo bastante cheiro verde e ainda tinha um pratinho junto a mim para espalhar mais cheiro verde no meu prato. Gostei muito mesmo... gostamos todos! E agora vou passar a utilizar mais mandioca cá em casa ;)


Para quem ainda está reticente em aceitar participar deste intercâmbio, eu aconselho vivamente a aceitar e a fazer parte desta "cozinha". A sensação de cozinhar algo que não é típicamente nosso, é extraordinária e enriquecedora. Este intercâmbio aproximou-me mais da Nana e, creio que é uma experiência que permite desenvolver e fortalecer laços com pessoas que contactamos através da net. Atrevam-se :)
publicado por Ameixinha às 14:46 | link do post | comentar | ver comentários (41) | partilhar

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a possuída moída

Sobrevivo numa selva de hipocrisia, burocracia e cegueira de quem não quer ver. Prefiro não me lembrar da crise de valores que vivemos, mesmo sendo quase impossível esquecer-me disso. Cozinho e como com prazer, mesmo que alguma culpa surja depois. Gosto de andar a pé sozinha, viajar de comboio com um livro na carteira, dizer "Bom dia" com convicção e a sorrir. Ajudar quem precisa é o que me permito fazer sem pensar duas vezes, embora haja muita gente mal-agradecida. Sou adepta da boa disposição, da humanidade e respeito nos serviços de saúde e educação, acredito na capacidade de generosidade e bondade das pessoas que me rodeiam. Entristece-me que, nem sempre, essas capacidades sejam canalizadas quando deveriam. Não gosto das vizinhas coscuvilheiras e de pessoas mal educadas, prepotentes e ocas. Os meus olhos transmitem tudo o resto de mim e são cor da canela. Amo a Fauna e a Flora. Adoro o Outono e as folhas que caem. Não vejo qualquer utilidade em peluches. E a única coisa que é afrodisíaca é o amor.

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