Sábado, 30.11.13

Deu para a torta

 

 

À terceira pareço ter conseguido uma torta razoável. Cheguei à conclusão que não, não sou pessoa de tortas. Sigo regras, gosto de tudo direitinho, torto dá-me cabo dos nervos. Com o tempo e a maturidade própria dos anos que carrego, tenho-me apercebido que sou uma pessoa antiquada. Para mim, a amizade tem que ser antiga. Num mundo em que todos são, aparentemente, amigos e em que todos se amam; em que 1 milhão de seguidores no facebook são o suficiente para que a pessoa possa dizer que tem um grupo de amigos, então eu não sou ninguém. Qualidade há-de sempre ser superior à quantidade. Cumprimentar alguém não faz dessa pessoa minha amiga, a amizade está para além do óbvio, é uma partilha altruísta e abnegada. Há quem diga que verdadeiros amigos podem passar anos sem se falar, mas sabem sempre que podem contar um com o outro. Não concordo. Sou mais do ditado: "longe da vista, longe do coração". A amizade precisa de lenha na fogueira para se manter, podemos estar longe, porque as condições assim o exigem, mas quem é amigo e quem se interessa arranja sempre tempo para um sms, um e-mail, um telefonema, um café, um livro inesperado nas mãos vindo da capital. Não devemos, nunca, tomar os amigos como garantidos, é uma relação que tem que ser trabalhada, é uma comunicação especial que deve ser valorizada. O verdadeiro amigo respeita, mesmo as nossas mais estapafúrdias e tortas escolhas. É livre de não concordar, mas ele respeita o facto de sermos tão imperfeitos quanto ele, e espera que o respeitemos quando for ele a precisar de consolo. O amigo faz sentir a sua presença, mesmo que não esteja fisicamente ao nosso lado. Se os vossos amigos não vos respeitarem, não chegaram a ser verdadeiramente vossos. Não receiem deixá-los ir, vão à procura de si mesmos mas vocês, se souberem que são amigos, então já se encontraram. A amizade quer-se simples, sem cobranças, ou cobrando apenas o mais importante: respect!

 

Para a minha Moira encantada,

Que conheci há uns anos atrás,

Vai esta torta alaranjada

Já que as duas primeiras ficaram más.

 

 Com amizade

 Maria Ameixa Sapoila

 


 

 

Torta de laranja

(Cozinha Tradicional Portuguesa)

 

6 ovos

250 g de açúcar

1 colher (sopa) de maisena

2 dl de sumo de laranja

1 laranja

açúcar 

 

Preparação:

Abrem-se os ovos inteiros para uma tigela e misturam-se, sem bater, com o açúcar. Adiciona-se em seguida a raspa da casca de laranja e o sumo onde previamente se desfez a maisena. Deita-se o preparado num tabuleiro rectangular, previamente untado com margarina e polvilhado com açúcar. Leva-se a cozer em forno brando durante cerca de 20 minutos. Desenforma-se sobre um pano húmido polvilhado com açúcar. Enrola-se a torta com a ajuda do pano. Serve-se fria polvilhada com açúcar pilé.

 

 

Bom fim de semana!

publicado por Ameixinha às 12:01 | link do post | comentar | ver comentários (20) | partilhar
Terça-feira, 12.11.13

Coelho com alecrim e vinho branco

 

Anda por aí muito boa gente descontente com um certo coelho. Ele dá um passo prá frente e, logo a seguir, seguem-se dois passos para trás.

Não me meto em politiquices, mas caso alguém decida decapitar o bicho, só queria avisar que a minha parte favorita é a extremidade superior mais conhecida como cabeça. É a única parte que me permite saber que estou a comer coelho e não um gatinho :) Não há nada como apartar um belo par de dentes para depois sugar o miolo ;)

 

Ingredientes:

1 coelho

30 g de farinha de milho temperada

60 ml de azeite

1 cebola, cortada em fatias finas

1 ramo de alecrim fresco

1 ramo de salva fresca

2 dentes de alho, esmigalhados

500 ml de vinho branco

400 g de tomate em lata ou fresco, aos pedaços

1 pitada de pimenta

125 ml de água

azeitonas pretas

 

Preparação:

Corte o coelho em pedaços grandes e cubra-os com farinha antes de os cozinhar.

Aqueça o azeite num tacho grande, em lume médio. Cozinhe os pedaços do coelho, até todos os lados apresentarem um tom castanho, e retire-os do tacho.

Reduza o lume e adicione a cebola, alecrim e salva. Deixe cozinhar durante 10 minutos, depois acrescente o alho e volte a colocar o coelho no tacho.

Aumente o lume para forte, acrescente o vinho e deixe cozinhar por 1 minuto. Adicione o tomate e a água e mexa. Reduza a temperatura, tape e deixe cozinhar em lume brando por cerca de 1 hora, até o coelho ficar tenro. Se a meio da confecção o molho parecer demasiado seco, acrescente 60 ml de água.

Deite fora o ramo das ervas. Verifique o tempero e ajuste-o se achar necessário. Guarneça com as azeitonas e alecrim adicional.

 

Receita adaptada d' "O livro essencial da cozinha mediterrânica".

publicado por Ameixinha às 17:26 | link do post | comentar | ver comentários (7) | partilhar
Sexta-feira, 01.11.13

Crumble de maçã

 

 

Não sei o que para vocês é ser-se abençoado. Tenho pensado nisso porque, nos últimos tempos, tenho comentado com amigos que há pessoas que nasceram com o rabiosque virado para a lua. Nasceram e continuam a viver de rabo pró alto :) Há pessoas que é só estalar os dedos e tudo lhes cai no colo. Têm o regaço cheínho de comodidades e não, não são rosas, senhor, não são só rosas! Ele é casas, viagens, empregos, carros, namorados e, last but not the least, beleza. Pensando bem, a beleza é mais aparência já que, a maioria são umas verdadeiras bestas em termos humanos. E eu pergunto: oh porquê, porque é que estas verdadeiras bestas são donas de tanta sorte na vida? E eu sei a resposta. Oh se sei!

Depois, Deus tem uma maneira única e incrível de me mostrar que não estou perdida nem abandonada.

Maria Ameixa, tu que andaste uns meses à procura de uma saia lápis e a semana passada uma amiga chegou ao pé de ti e enfiou-te uma saca na carteira com 2 saias dessas, não serás tu abençoada?

Tu que hoje de manhã, pensaste que tinhas que sair de casa a chover para ir comprar ovos e, de repente, não mais que de repente, a vizinha telefona-te e diz que tem lá uma saca de ovos para ti.

Tu, que ontem encontraste uma pessoa que te disse que a tua mãe tinha muito orgulho em ti, não será isso uma benção?

Tu, que és desprovida da maioria dos objectos materiais pelos quais se empenham as pessoas, mas que diariamente vês as tuas necessidades básicas supridas, és uma sortuda!

Tu que querias fazer um crumble gluten-free mas não encontraste nenhuma receita à tua medida e decidiste ir misturando ingredientes, mesmo cheia de medo e esperança, enfiaste tudo no forno e obteste algo delicioso.

A minha vida pode parecer um crumble por fora, mas bem cá dentro, no fundinho do meu coração, sou a mais abençoada das personagens. Porque com pessoas assim à minha volta, a vida é uma colherada docinha, para sorver aos poucos e ir saboreando prazerosamente.

 

 

Ingredientes:

 

3 maças granny smith

1 colher (chá) de canela moída

1 colher (sopa) de açúcar amarelo

 

30 g de flocos de aveia sem glúten

40 g de amêndoa em lascas

30 g de flocos de quinoa

1 colher (sopa) de farinha de arroz

1 colher (sopa) de açúcar baunilhado

50 g de manteiga

 

Preparação:

Comece por fazer o crumble misturando todos os ingredientes com as mãos, até obter uma mistura tipo areia grossa. Reserve.

Descasque, descaroce e corte as maçãs aos pedacinhos. Envolva a canela e o açúcar nas maçãs e reparta a mistura por três ramequins.

Divida a mistura seca pelos ramequins, colocando-a por cima da mistura de maçã. Polvilhe o açúcar baunilhado por cima e leve ao forno quente por cerca de 35-45 minutos ou até que o topo esteja dourado. Sirva morno ou à temperatura ambiente.

 

 

Tu, Ameixinha, que andas numa guerra pegada com o ecrã do teu micro-mini computador, porque tanto está verde como cor-de-rosa, tiveste a sorte de escrever esta postagem com o ecrã normal. Até ele te dá tréguas quando é mesmo preciso!

Ainda bem que não nasci de rabo virado para a lua, porque com o tempo que está para estes lados, já tinha constipado. De certezinha :)

 

Bom fim de semana ;)

 

 

publicado por Ameixinha às 17:23 | link do post | comentar | ver comentários (27) | partilhar

mais sobre mim

a possuída moída

Sobrevivo numa selva de hipocrisia, burocracia e cegueira de quem não quer ver. Prefiro não me lembrar da crise de valores que vivemos, mesmo sendo quase impossível esquecer-me disso. Cozinho e como com prazer, mesmo que alguma culpa surja depois. Gosto de andar a pé sozinha, viajar de comboio com um livro na carteira, dizer "Bom dia" com convicção e a sorrir. Ajudar quem precisa é o que me permito fazer sem pensar duas vezes, embora haja muita gente mal-agradecida. Sou adepta da boa disposição, da humanidade e respeito nos serviços de saúde e educação, acredito na capacidade de generosidade e bondade das pessoas que me rodeiam. Entristece-me que, nem sempre, essas capacidades sejam canalizadas quando deveriam. Não gosto das vizinhas coscuvilheiras e de pessoas mal educadas, prepotentes e ocas. Os meus olhos transmitem tudo o resto de mim e são cor da canela. Amo a Fauna e a Flora. Adoro o Outono e as folhas que caem. Não vejo qualquer utilidade em peluches. E a única coisa que é afrodisíaca é o amor.

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