Casaram no mesmo dia que a princesa da Suécia e foi mesmo um casamento de princesa, um dia especial para o casal de noivos!
Não esperava que a paisagem fosse tão bonita até Viseu. A zona Luso-Buçaco deixou-me sem palavras mas, como ia sozinha, também não podia falar para ninguém he he
Um grupo de amigos bebia cerveja na parte de trás da carruagem, falavam alto, super divertidos, carregavam garrafões de cinco litros cheios de sangria, sacos de carvão e mais uns quantos produtos, sem esquecer a bola de futebol. Estavam prontos para fazer um piquenique na zona de Mortágua. A manhã não estava muito acolhedora, o céu cinzento preocupava alguns deles que esperavam ansiosamente por um dia de sol. Um deles, pareceu-me ser o único que conhecia o local para onde iam, dizia que ia abrir ao que os outros respondiam "Sim, a porta vai abrir porque o sol nem se vê" :) E não é que o sol abriu exactamente em Mortágua?!
A minha chegada a Nelas foi super acolhedora, a Maria telefonou a dizer que estava um bocadinho atrasada mas à minha espera estavam quatro lindos amigos. Não são fantásticos?
A Maria chegou e lá fomos até casa para trocar de sapatos, de collants e seguimos para a Igreja. Viseu é das cidades mais limpas que conheci, os jardins e as rotundas são muito bem cuidados e não vi ponta de lixo no chão. Ainda andamos um bocadinho a pé até à Igreja e descobrimos que nenhuma das duas sabe andar de tacão alto. A modos que parece que eu ando a calcar sapos :) Um cromo no meio da rua - também há cromos em Viseu - perguntou qual de nós as duas era a noiva. Estávamos nervosas, era a nossa amiga que ia casar, não conhecíamos ninguém, caímos ali meio de pára-quedas. A igreja estava cheia de gente e, lá dentro, um casal de noivos. Chegamos demasiado cedo e ainda fizemos figura de ursas a dizer que "aquele miúdo de certeza que é o irmão do noivo, olha lá como é parecido!", "realmente a cor dos olhos é igualzinha!". Enfim, juntaram-se duas míopes à porta da igreja e só depois nos apercebemos que aquele era outro casamento :)
Meia hora de atraso e a noiva finalmente chega. Fiquei na última fila de bancos da igreja, o mais longe possível de Cristo pendurado na cruz, qualquer coisa que acontecesse eu podia ser a primeira a sair e, estrategicamente, fui a primeira a cumprimentar a noiva e a dizer-lhe o quanto ela estava linda mal ela entrou!
A cerimónia foi diferente do habitual, os noivos trocaram votos, os irmãos do noivo fizeram declarações de amizade eterna, a noiva agradeceu aos familiares e amigos. Ambos estavam felizes, finalmente casados e, em sinal de admiração e satisfação, a noiva dizia: "Sou uma mulher casada!" :)
Rumamos à boda depois do casal calcar as capas pretas - a minha não estava lá que eu não usei daquilo - e apanharem com o arroz na tromba.
Chegamos à Quinta - não graças ao GPS da Mary que se perdeu pelo caminho e nem dizia chiu nem miu - um lugar muito bonito e agradável. Havia cisnes e patos junto aos jardins, tirei algumas fotos como é óbvio.
As entradas foram servidas ao ar livre acompanhadas de violino. Estava um bocadinho de vento e, as moçoilas mais desprevenidas viram os seus vestidos esvoaçarem, deixando mostrar a cuequinha fio dental e um pouco de embaraço he he Enquanto isso os noivos tiravam fotos e, mais tarde, a noiva chegou ao pé de nós queixando-se que o fotógrafo a tinha feito subir a uma árvore e ela tinha caído. Levantou o vestido para provar como tinha sido verdade, e lá estava a meia toda rota e o joelho vermelho. Imediatamente lhe disse que aquilo era prova que ela tinha queda para o casamento :)
À hora do jantar foram servidos pratos fantásticos, das melhores refeições que já comi. Muito, muito bom! Só não apreciei a bola de gelado azul - ninguém conseguiu decifrar o sabor - que vinha no topo do bolo dos noivos, mas comi tudinho.
Guache de legumes
Bacalhau em crôute de broa com puré de castanhas e grelos salteados com pinhões
Sorbet de limão
Lombo recheado com ameixas com arroz de cogumelos da Ínsua e molhinho de legumes
Bolo dos noivos
Tal como o noivo explicou, o bolo foi decorado com todas as flores que ele ofereceu à noiva ao longo de 7 anos de namoro. Ela fez questão de as secar, guardar e decorar o bolo com elas. Na brincadeira disse que não queria daquele lado do bolo :) Depois houve mesa de doces, queijos, chás e fruta. Eu fui para a fruta e para o queijo.
Para quem ficou curioso se eu apanhei o buquê de flores da noiva, ele passou-me ao lado. Muito em parte porque a noiva decidiu lançá-lo quando eu tinha visto os camarões e as conquilhas quentinhas à minha espera e peguei logo num pratinho. Ela veio ter comigo e eu desatei a correr com o prato de camarão na mão. Ela lá me convenceu e eu lá fui com a Maria para o meio da gajada solteira. Eis que de repente, não mais que de repente, sai-me o músculo do pé esquerdo. Ora, o ramo foi lançado e eu estava amarrada ao meu rico pé a ver se a coisa ia ao sítio. Só eu!
Abriu-se a pista de dança, passo para cá, passo para lá, hora de ir embora mas a noiva não nos largou e a Mary decidiu que não saía dali sem assinar o livro dos noivos. Uma hora depois chega o livro até nós, não sem antes termos ido dançar com a noiva e ela ter começado a chorar. Se ela chora, eu também choro e montou-se ali um berreiro descomunal :) Ainda de lágrimas nos olhos, a Mary decidiu que eu é que tinha de escrever no livro porque tinha uma letra bonita. Se eu não soubesse que ela não tocou em álcool, estava capaz de jurar que ela estava bêbeda he he
Finalmente, às 5 da matina conseguimos arredar pé da Quinta, desejamos felicidades aos noivos, marcamos encontro para daqui a uns meses e no Domingo rumei ao Norte.
Aproveito para dizer que em Julho vou passar um fim de semana a Lisboa. Gostava de me reencontrar com algumas pessoas, conhecer novas, especialmente as que me ajudaram com o Matias. Caso alguém esteja interessado, por favor contacte-me por e-mail. Continuação de boa semana!