Sábado, 09.08.08

Peru com grão em molho verde


Pois é, o Verão anda muito tímido mas, de quando em quando, vem umas ondas de calorzinho que temos que aproveitar. É nessas alturas que surgem umas comidas mornas/frias para comer com todo o vagar que o calor convida. Sinto-me tãoooo Alentejana quando a temperatura sobe :) Não me apetece fazer nada e até me custa cozinhar.

Assim, peguei num frasco de grão cozido e escaldei-o em água quente. Entretanto grelhei uns bifinhos de perú, previamente regados com sumo de limão, alho e sal. Deixei o grão arrefecer e coloquei os bifinhos por cima. Fiz o molho com azeite, cebola, pimenta, sal, salsa e uma colher de mostarda. Misturei bem e espalhei por cima da carne e do grão.


O Verão quer-se simples, vagaroso e descansado :)



Em representação dos habitantes desta casa o Matias deseja aos visitantes um óptimo fim de semana :)

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Quarta-feira, 06.08.08

Pudim de café



Num dos blogs mais saborosos da net encontrei este pudim de café. A minha mãe disse-me que, há muitos anos, tinha comido um pudim de café delicioso. Mas pediu a receita e foi negada. Que interesse têm as pessoas de não darem uma receita a quem tanto gostou de a comer? Se é suposto não darem qualquer informação de forma a que o cliente volte mais vezes... então muitos têm azar. A minha mãe não voltou a comer desse pudim. Isto até dava um filme do Indiana Jones - À procura da receita de pudim fechado a sete chaves :)

Não entendo e ainda bem que na net consigo encontrar coisas deliciosas e há muitas blogueiras dispostas a partilhar determinadas maravilhas.

Acho que não ficou como o que a minha mãe tinha comido, mas ficou um pudim muito leve, com um delicioso gosto a café, nada doce e isso é mau porque não enjoa e terminamos de o comer muito rápido. O meu não ficou tão lindo porque o café foi mesmo bem diluído, mas ficou muito comestível, para mal dos meus pecados... aiii a gula que me desgraça :)


Ingredientes:

1/2 litro de leite

1 lata de leite condensado

3 collheres (sopa) café solúvel

6 ovos


Misturei o leite condensado com os ovos inteiros.

Aqueci o leite (até começar a ferver) e juntei o café mexendo sempre até este se dissolver. Misturei este leite ao leite condensado e mexi muito bem até ficar um líquido homogéneo. Verti numa forma de pudim (convém ser das médias, das pequenas tive que utilizar duas) barrada com caramelo líquido (usei de compra) e fechei. Levei à panela de pressão (com àgua até 1/3 da forma) e deixei cozer por 10/15 minutos depois de começar a apitar.

Quem não tem panela de pressão ou para quem tem medo dela, podem levar ao forno em banho maria a 180º por 1 hora. E deliciem-se com este pudim maravilhoso :)


E aproveito para vos convidar a participar no desafio literário da Academia das Letras. Como a Cláudia diz: aproveitem porque não se paga jóia nem mensalidade :)

Quem estiver interessado pode contactar-me para ameixinhaseca@gmail.com ou contactar a Cláudia que foi quem teve a ideia :)
publicado por Ameixinha às 16:00 | link do post | comentar | ver comentários (41) | partilhar
Terça-feira, 05.08.08

Academia de livros- "A Espuma dos Dias" de Boris Vian

Nunca gostei de perder tempo. Na escola, os tempos livres eram passados a ler. Sempre que não tinha os amigos por perto, tinha um livro. Ir ao médico e ter que esperar sem fazer nada, viajar de comboio, esperar por alguém, sempre foi um tempo preenchido de leitura.

Boris Vian foi escritor, engenheiro, músico, poeta, cantor, actor, cronista e morreu prematuramente aos 39 anos numa sala de cinema enquanto assistia à adaptação para filme do seu livro "Hei-de cuspir-vos nos túmulos".

Para conhecer o homem também é preciso ouvi-lo. Deixo-vos um vídeo de uma música que me diz muito. Porque Vian via o absurdo da guerra e o destaque do capitalismo, fez o favor de denunciar em canção a sua visão do mundo e em particular da invasão da Argélia.




"Le Déserteur"

Não deixem de ler Vian. Quem conhece o "Arranca corações", "As formigas", "O Outono em Pequim", "Erva vermelha", "Elas não dão por ela", "Morte aos feios" e "Hei-de cuspir-vos nos túmulos" (estes três últimos sob pseudónimo de Vernon Sullivan), sabe que são leituras simplesmente fantásticas, que nos transportam para um mundo novo :) De todos estes falta-me ler "Erva Vermelha" e "Hei-de cuspir-vos nos túmulos", uma falha imperdoável.
Vian escreve muito acerca do amor e das mulheres. Creio que, para ele, só é possível encontrar mulheres bonitas ou mulheres inteligentes. Nunca a fusão desses dois pormenores :)
As mulheres inteligentes são bem capazes de aceitar esta característica em Vian. Há capacidade para ultrapassar essa "falha" dele e apreciar a sua escrita sem ficar ofendida, porque a inteligência é isso mesmo. Não podemos dissociá-lo da época em que viveu.

No prefácio desta espuma Vian refere que «Só existem duas coisas: o amor de todas as maneiras, com raparigas belas, e a música de Nova Orleães ou Duke Ellington. O resto deveria desaparecer, porque o resto é feio (...)»

O suficiente para inflamar alguns espíritos, hein? Vian é um provocador e eu adoro isso, politicamente incorrecto, frontal e sempre bem disposto :)

Como já tinha referido, escolhi uma trágica história de amor. Mas é uma história sublime, em nada igual a todas as outras que já leram. Vian usa o sarcasmo, o absurdo, a ironia e o bom humor para dar asas às histórias. É isso que o distingue de muitos outros.O livro de Vian que escolhi fala de um casal de apaixonados, cujo amor é intenso mesmo depois de uma tragédia. Colin fará de tudo por Chloé, porque "as paixões saem caro". No livro são muitas as incursões gastronómicas, como poderão ler nas citações.

O título que Vian deu a este livro diz tudo de nós, deu-lhe um significado sincero acerca da vida de todos nós e de todos os seus aspectos. No original, "l'Écume des Jours" traduzido para "A espuma dos dias". Fala do que constitui a espuma de todos os dias: os amigos, os amores, a culinária (Colin tem um cozinheiro particular- Nicolas), o trabalho, os excessos, as doenças, a morte e a vida na sua complexidade. Faz uma crítica ao exagero e a tudo que dele resulta. Porque o amor em excesso também enlouquece e transforma-nos em espuma.

Deixo-vos algumas passagens que me marcaram neste livro e espero que seja o suficiente para vos levar a ler uma história de Vian. Esta foi considerada a obra mais importante de Vian e nem sempre é possível adquirir bons livros por menos de 13€, não é?
Espero que sejam motivos suficientes para que leiam mais Vian :)

Colin é um rapaz abastado, tem um cozinheiro particular e um amigo chamado Chick. Tem um rato como animal de estimação e conhece Chloé. A partir daí um grande amor passa por uma grande provação e por muitas situações estranhas em cenários incríveis.

«-Este pâté de enguias é notável - disse Chick. - Quem te deu a ideia de o fazeres?
-Foi o Nicolas quem teve a ideia - disse Colin. - Há (ou antes, havia) uma enguia que aparecia todos os dias, saída do cano da água fria, e ele encontrava no laboratório.
-É curioso - disse Chick. - E por que é que isso acontecia?
-Punha a cabeça de fora e, fazendo pressão com os dentes, esvaziava o tubo de pasta dentrífica. Como Nicolas só usa pasta americana, de ananás, isso deve tê-la tentado.»


«Pendurado na parede que ficava à frente de Colin, via-se Jesus numa grande cruz negra. Parecia satisfeito por ter sido convidado e olhava para tudo com interesse.»


Colin «Ia a correr o mais que podia, e à sua frente as pessoas inclinavam-se lentamente para cair como mecos e ficar estendidas no passeio fazendo um marulhar macio, (...). Chloé repousava, muito branca naquela cama bonita que fora das suas núpcias. Tinha os olhos abertos mas respirava mal (...). Colin, porém, não sabia o que tinha acontecido e corria, sentia medo porque não basta estarmos sempre juntos, também é preciso sentir medo, talvez tivesse sido um acidente, um automóvel que a tivesse atropelado (...).»

«-O doutor quer que ela vá para a montanha - disse Colin. - Está convencido de que o frio consegue matar essa porcaria... (...)

-Também disse que é preciso termos constantemente flores à sua volta - acrescentou Colin.- Para meterem medo à outra...»

A passagem mais admirável para mim é quando Colin arranja um emprego em que tem que semear espingardas e fazê-las crescer direitinhas com o seu calor humano. Cínico e absurdo não é? Acima de tudo, muito inteligente :)

Deixo-vos apenas algumas frases do livro. Não posso contar tudo porque não seria justo para quem quiser ler. É suposto ser apenas uma "entrada" a aguçar o apetite.

Leiam porque como Elie Wiesel diz: "O inferno é um local sem livros"

Perdoem-me o "testamento" mas Vian merece ;)

publicado por Ameixinha às 16:00 | link do post | comentar | ver comentários (26) | partilhar
Domingo, 03.08.08

Desafio literário e morangos com mel


Acalento um desejo antigo de pertencer a um clube de leitura. Gostava de reunir com um grupinho uma vez por mês para conversar acerca de livros, de autores, de frases, de interpretações, de vidas!

Vejo-me sempre numa mesa redonda com os livros no colo e uma chávena de chá a aconchegar a alma no Inverno ou uma taça de morangos no Verão.

Lembro-me de ler desde que me conheço. Vivo rodeada de livros desde muito criança. Como já tinha dito, o meu pai sempre apostou nos livros como acesso ao conhecimento, à aprendizagem e ao desenvolvimento intelectual dos filhos. Eu não me canso de lhe agradecer este pormenor.
Mas ao nível da literatura de lazer, como lhe chamo, foi o meu irmão mais velho que me abriu as portas a um mundo novo.

A minha mãe diz que, quando entrei para a escola, passado uns meses já estava em frente à televisão a tentar ler as letras que passavam. Acho que vem daí a minha incapacidade matemática :)

Quando fui operada e tive que permanecer uns dias no hospital, pedi que me levassem Banda Desenhada. Tinha 9 anos e estava sozinha num sítio arrepiante. Não sei se foi essa experiência traumatizante que me levou a não apreciar BD. Nunca mais li, passei aos livros de aventuras que lia velozmente para passar ao seguinte e por aí em diante. Quem não leu "Uma Aventura" e "O clube das chaves"? Eu li quase todos :) E a partir daí passei a outra fase. O desenvolvimento é isso mesmo, certo? Nós crescemos e os livros crescem connosco, como companheiros inseparáveis.
Li sempre muito e aprendi muito a ler.

Mas, estou a divagar... A Cláudia apresentou uma ideia fantástica e convidou-me para participar. Não sei se alguma vez lhe disse que adoro ler, mas se não disse, ela acertou em cheio. Lançou um desafio literário em que, cada uma das desafiadas tem que "falar" do livro que está a ler ou de um livro que tenham lido e que queiram recomendar. Obrigada pelo convite Cláudia ;)

Eu leio muito, tenho sempre livros ao pé de mim. Mas há sempre uns que gostamos mais que outros. Há escritores que, conhecendo o estilo, sabemos que gostamos. Eu tenho alguns que, há muitos anos, já foram eleitos como bons e favoritos: John Steinbeck, Albert Camus, Irvine Welsh, Boris Vian, Eça de Queirós, Fernando Pessoa, entre muitos outros.

Eu sou daquelas pessoas que gosta das tragédias e das surpresas até ao final. Não sou grande fã de romances choramingosos que, a meio do livro, já adivinhamos o fim. E gosto da estranheza das histórias e das personagens, dos desvios de conduta, da riqueza de carácter e da profundidade de quem participa do enredo.

Há muitos anos, quando o meu irmão se apercebeu que eu não era tão estúpida como ele imaginava e quando me viu a ler umas coisas, ofereceu-me um livro. Um livro maravilhoso e mágico. Onde podemos dar asas à imaginação e moldar os personagens como os sentimos e pensamos. Não deixa de ser um romance, é! Não deixa de ser uma bonita história de amor, é! Mas é uma tragédia de amor que exige demasiado aos protagonistas, a Colin e Chloé.

Esta é apenas a primeira parte de um post demasiado longo... Quando dei por mim tinha divagado demais. Mas não vou cortar nada do que disse. Quando a Cláudia me convidou eu sabia que esta minha paixão pelos livros levar-me-ia a um post interminável e cansativo para quem lê. Decidi fazer isto por capitulos para não vos cansar :)

E como é um blog de culinária e o livro também faz muitas referências à gastronomia deixo-vos uma foto de uma sobremesa genial, saída de um livro também.


Morangos com mel, in O cozinheiro do Rei D. João VI

Mais simples e saboroso não há!


Abraços
publicado por Ameixinha às 00:33 | link do post | comentar | ver comentários (30) | partilhar

mais sobre mim

a possuída moída

Sobrevivo numa selva de hipocrisia, burocracia e cegueira de quem não quer ver. Prefiro não me lembrar da crise de valores que vivemos, mesmo sendo quase impossível esquecer-me disso. Cozinho e como com prazer, mesmo que alguma culpa surja depois. Gosto de andar a pé sozinha, viajar de comboio com um livro na carteira, dizer "Bom dia" com convicção e a sorrir. Ajudar quem precisa é o que me permito fazer sem pensar duas vezes, embora haja muita gente mal-agradecida. Sou adepta da boa disposição, da humanidade e respeito nos serviços de saúde e educação, acredito na capacidade de generosidade e bondade das pessoas que me rodeiam. Entristece-me que, nem sempre, essas capacidades sejam canalizadas quando deveriam. Não gosto das vizinhas coscuvilheiras e de pessoas mal educadas, prepotentes e ocas. Os meus olhos transmitem tudo o resto de mim e são cor da canela. Amo a Fauna e a Flora. Adoro o Outono e as folhas que caem. Não vejo qualquer utilidade em peluches. E a única coisa que é afrodisíaca é o amor.

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