De repente, um poema e um bolo
Até mesmo Florbela Espanca
Poesia é mais que boa
Temos sorte em ter tanta.
Baudelaire estava à mão
E poesias de Júlio Diniz,
Mas há algo na Separação
E na forma como se diz.
Não precisei procurar mais
Para um poema convidar
De Vinicius de Moraes
Trouxe um soneto a jantar.
Em jeito de sobremesa
Fazendo juz à doçaria
Um bolo com uma surpresa
Cerejas em cada fatia.
Soneto da separação:
De repente do riso fez-se o pranto
silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Bolo de amêndoa e cereja (Boa mesa)
150 g de manteiga amolecida
3/4 chávena de leite
3 ovos
1 chávena de açúcar
1/2 chávena de amêndoas raladas
1 1/2 chávena de farinha
3 colheres (chá) de fermento em pó
1/2 chávena de cerejas cristalizadas picadas
Preparação:
Ponha a manteiga, o leite, os ovos, o açúcar e as amêndoas na batedeira. Adicione a farinha e fermento peneirados. Bata em velocidade reduzida durante 1 minuto. Raspe a massa que ficou agarrada aos lados da taça e aumente para a velocidade média. Bata durante mais 4 minutos. Envolva as cerejas na massa. Coloque numa forma ondulada bem untada. Leve ao forno a 160º C durante 1 hora, ou até o bolo estar cozido. Deixe na forma durante 10 minutos antes de desenformar para uma rede, para arrefecer.
Com este soneto participo no projecto Convidei para jantar, uma ideia da Anasbageri, este mês alojado no Come chocolates, pequena.
A fruta cristalizada
Nunca foi minha opção
As cerejas surgiram do nada
E do escárnio fez-se paixão
É assim a ligação
Entre soneto e bolo
Com uma fatia na mão
Só não come quem é tolo.