Aletria
Tinha finos dedos, quase da espessura de aletria, mãos tão grandes que pareciam não pertencer aquele corpo pequenino. Pensou ser bailarina, não fossem aquelas coxas imensas. Gostava do palco e das luzes que, ao invés de a ofuscarem, iluminavam o seu mundo. Queria o melhor para si, mas outros diziam-lhe que ela ainda podia dar mais, aquelas mãos estavam destinadas a grandes obras. Tanto lhe disseram que ela acreditou e guardou o sonho no fundo do seu ser, pensando que estava adormecido, deixou-o ficar assim. Preparou-se para o melhor e o melhor não a descobriu. Para os outros estava tudo perfeito mas ela sabia daquele sonho, sentia-o picar bem no centro do cerebelo. Tantos anos da sua vida desperdiçados quando tudo o que queria era um piano no centro de um qualquer palco. Fechar os olhos e deixar-se embalar pela melodia suave de uma qualquer peça de um dos maiores artistas. Quase todos os dias era iluminada pelas luzes da sala de operações e, enquanto segurava o bisturi, alguém lhe ligava a aparelhagem e ela deixava que os seus finos dedos realizassem grandes obras nas próximas horas. Tinha pena de não poder nunca fechar os olhos, e deixar-se guiar pela mesma melodia que tinha sonhado tocar no centro de um qualquer palco.
Ingredientes:
0,5 l de água
casca de limão
pau de canela
250 g de aletria
0,5 l de leite
150 g de açúcar
3 gemas
sal e canela moída q.b
Preparação:
Num tacho faça ferver a água com a casca de limão, um pouco de sal e o pau de canela. Quando começar a ferver, junte-lhe a aletria e deixe-a cozer 8 minutos. Adicione depois o leite e deixe cozer mais 5 minutos. Junte o açúcar, deixe ferver 10 minutos em lume brando e retire.
Misture então as gemas aos poucos, mexendo sempre. Leve novamente ao lume só a aquecer, retire e deite em pratos individuais ou numa só travessa. Retire a casca de limão e o pau de canela. Deixe arrefecer e polvilhe a gosto com canela.
Bom fim de semana!